Com a chegada desses categorizados militares tomou novo impulso a instrução no Exército. Já em 1922 realizou-se uma grande manobra militar em Saicã, no Rio Grande do Sul. Iniciou-se também um processo seletivo mais rigoroso na formação dos chefes militares e uma elevação do nível cultural dos oficiais, com excelentes repercussões.
Durante 20 anos, de 1920 a 1940, a Missão trabalhou junto a nosso Exército, implantando um novo método de raciocínio para a solução de questões táticas e para o estudo de problemas militares. Em 1927, foi criado o Conselho de Defesa Nacional, objetivando o planejamento da mobilização nacional para a defesa. Deixou numerosa bibliografia e desenvolveu entre a oficialidade brasileira o gosto pelo estudo de assuntos militares, conseqüentemente contribuindo para o desenvolvimento do pensamento militar brasileiro.
Outros chefes de missão, sucessores de Gamelin, foram os generais Cofec, Spire, Hutzinger, Paul Noël e Lavallade. Entre os coronéis franceses que se distinguiram pelos seus trabalhos podem ser citados Derougemont, Baudouin, Corbé e Jeaunneaud: este último prestou assistência no setor de aviação militar.
Mesmo durante a permanência da Missão no Brasil, o Exército começou a enviar oficiais que se tinham destacado nos cursos escolares para aperfeiçoamento na França. Esses brasileiros cursaram com brilho as escolas de nível mais elevado do Exército francês. Ao regressar, assumiram a direção de ensino das escolas do Exército, anteriormente entregue a franceses. Estes, por sua vez, passaram nos últimos anos a ter atuação mais limitada como assessores.
O Exército brasileiro atingiu então a sua maioridade no domínio da tática e da técnica de Estado-Maior numa guerra moderna. Não foi sem tempo, porque poucos anos depois, ao participar das operações da Segunda Guerra Mundial, na campanha da Itália, viria a enfrentar em pé de igualdade alguns dos exércitos melhor treinados e mais bem equipados do mundo.
O ciclo da reforma militar iniciou-se pouco depois da Proclamação da República; houve nova impulsão durante a Primeira Guerra Mundial e uma consolidação nas décadas de 20 e 30, inclusive com o auxílio da Missão Militar Francesa. Nessa evolução, o Exército brasileiro aperfeiçoou as suas escolas e a instrução de suas unidades, construiu a maioria dos quartéis e melhorou o seu equipamento. Enfim, o Exército brasileiro elevou o nível de seus quadros, adequando-se melhor às necessidades da conjuntura.